“SÃO TODOS SÚDITOS DO EIXO”: A COMUNIDADE ALEMÃ SOB SUSPEITA EM UNIÃO DA VITÓRIA E REGIÃO, DURANTE O ESTADO NOVO

Autores

  • Wanilton Dudek

Resumo

Grande parte do aparato repressivo que o Estado, cada vez mais cerceador da ação individual, tanto na moral quanto da política, exercida no Governo Vargas, era liderado pela Polícia. Dessa forma, a vigilância social representava um instrumento efi caz para a essência da repressão. O crime passou a ser visto de outra forma, impondo-se novas restrições e novos castigos para os delitos. Claramente a polícia assumia um papel, cada vez mais importante na aplicação do projeto político que intencionava o aniquilamento das disputas sociais e de algumas categorias inteiras da população. Com o projeto da nacionalização, acirrado durante o Estado Novo, a sociedade precisava adquirir um sentido orgânico, no qual a padronização das atividades fosse referenciada por parâmetros, cujo objetivo era disciplinar. Sendo assim, o governo preparava um aparato policial capaz de controlar, padronizar e disciplinar a sociedade como um todo. A individualidade seria negada. O que importava era o estabelecimento do conjunto nacional com comportamentos e sentimentos comuns. Nesse sentido, o contexto da Segunda Guerra Mundial levou o Brasil a romper relações diplomáticas com a Alemanha - e, mais tarde, a declaração de guerra - atribuindo aos alemães e seus descendentes que viviam no Brasil a categoria de suspeitos e possíveis ameaçadores do projeto nacionalista proposto por Vargas. Portanto fi cava proibida qualquer manifestação política ou cultural que remetesse à Alemanha. Desse modo, as perseguições, apreensões e delações, organizadas por um específi co aparato policial, tomaram conta do cotidiano desses imigrantes no país todo. Em União da Vitória e Região, dada a presença importante de comunidades de origem germânica, as perseguições foram intensas. A documentação produzida pelo DOPS é o foco de análise desta pesquisa. Importa informar que esta pesquisa faz parte da dissertação de mestrado intitulada Polícia, política e repressão: o cotidiano da comunidade alemã do Vale do Iguaçu durante a era Vargas, defendida em novembro de 2013.

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Comunicação Oral